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quinta-feira

Camila

Tive algumas Camilas em minha vida.
Mas de uma tenho me lembrado sempre.
Uma que não consigo mirar nos olhos. Uma de quem sinto vergonha. Uma que é meu espelho.
Uma que desejou os mesmos homens que eu e os teve.
Uma que pintou os cabelos e ficou linda.
Uma cujo olhar me perturba a alma.
Uma a quem não consigo dirigir uma palavra.
Uma que não me deseja.
Já tive inveja, raiva, ciúmes, compaixão. Ela passou por mim na rua e estava linda. Eu ia ser gentil, mas ela apertou o passo. Por quê?
Se você não tivesse apertado o passo naquele dia, Camila, eu ia dizer o quanto tinha gostado do seu cabelo. E nada disso teria se passado.
Você era muito altiva, não vi sua fragilidade.
Se você tivesse deixado por um instante que eu me aproximasse, talvez eu não tivesse contado seus segredos. Seus segredos são só seus, Camila, mas não minta pra você.
Eu ia me aproximar naquele dia pra pedir sua amizade, mas você apertou o passo como seu eu fosse outra pessoa. Teve medo de mim?
Eu tentei me aproximar mais de uma vez.
Daqui a algum tempo eu não vou lembrar mais seu nome.
Agora, aqui seus movimentos lentos permanecem congelados na tela da minha mente.
Nunca mais vou evitar você nem tentar descobrir seus segredos se você nunca mais me desprezar.
Tudo só pra dizer que pertenço à sua vida ainda.
Era só pra dizer que nunca um nome caiu em cima de mim feito água gelada. Precisei deste banho pra ver minha face sem máscara.

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